Especial da semana: Lucas Benedito Cândido
No ano seguinte, na categoria cadete, treinava com a técnica Fernanda, quando surgiu uma peneira da seleção brasileira no EDA. Lucas fez o teste, foi aprovado e logo conseguiu se firmar, participando pela primeira vez de um Pan Americano, no seu primeiro ano de cadete (2004).
Em 2005 transferiu-se para o E. C. Pinheiros, clube aonde disputou e ganhou muitos títulos nas categorias de base, como campeonatos brasileiros e paulistas, além de ter ganho também alguns títulos na equipe principal como a Liga e o Paulista. “O E.C. Pinheiros sempre me deu uma boa estrutura para que eu pudesse treinar e evoluir. Assim, muitas vezes acabei convocado para as seleções de base. Lá também tive a oportunidade de jogar pela equipe adulta com os técnicos Sergio Hortelan e Morten Soubak, quando ainda era atleta das categorias juvenil e junior ( 2006-2007-2008-2009 ), aprendendo muito com os mais velhos”.
Lucas disputou também os Pan Americanos 2004 e 2005 da categoria cadete, 2006 e 2007 da categoria Juvenil e 2009 da categoria Júnior. Em 2010, jogou em São Caetano, com o técnico Washington Nunes. “Era um time bem jovem que iniciava um projeto com boas expectativas para os próximos anos, mas infelizmente em Janeiro de 2011 eu tive a noticia de que a Prefeitura da cidade não daria continuação no trabalho, acabando com o time. Essa foi a pior fase, pois fiquei sem clube por sete meses, e queria voltar a jogar. Fui até Taubaté treinar um dia e me firmei na equipe desde então.”
FPHB- Conte-nos sobre como foi a sua estreia pela seleção principal no Pan Americano de Buenos Aires.
Lucas – Eu achava que tinha feito bons jogos no fim do ano passado, e no Pan Americano de clubes deste ano, mas talvez por nunca ter sido convocado para a seleção principal, não esperava ser convocado desta vez. Foi uma surpresa muito boa. No jogo de estreia lembro que passou aquele filme de 10 segundos pela cabeça, com tudo que eu enfrentei para chegar à realização desse sonho, que é representar o país. Nos primeiros jogos, nós jogamos marcando muito forte saindo para o contra ataque, conseguindo placares elásticos. Na semifinal pegamos a forte equipe do Chile que havia empatado com a Argentina no último jogo. Fizemos um bom jogo, chegamos a abrir 7 gols de vantagem, mas no final caímos de produção. Mesmo assim, saímos com a vitória por dois gols de vantagem. Na final contra a Argentina as duas equipes estavam com a defesa boa, fazendo o ataque errar bastante. Na segunda parte do primeiro tempo conseguimos um placar parcial de 5 a 1 e, se não me engano, acabamos empatados na primeira etapa. No segundo período chegamos a abrir 2 gols de diferença faltando 10 min, mas demos chance e os argentinos encostaram novamente. Faltando 40 segundos tínhamos a posse de bola e empatamos o jogo novamente. Eles vieram pro ataque trabalharam a bola e conseguiram um 7 metros faltando 9 segundos, que foi convertido, nos deixando sem tempo para cobrar o tiro de saída e conseguir o gol do empate. Foi uma final muito equilibrada que um dos dois tinha que vencer, e essa foi decidida no detalhe. Mas tivemos pouco tempo de treino com esse grupo e acredito que podemos evoluir muito com a volta do Jordi. Foi uma experiência muito boa, me sinto cada vez mais preparado, espero poder ser chamado novamente para as próximas fases de treinamento.
FPHb – O que você acha sobre a seleção masculina ter ficado de fora das Olimpíadas de Londres?
Lucas- Infelizmente o Brasil não está classificado para as Olimpíadas, devido ao jogo da final do Pan de Guadalajara, no qual a Argentina sagrou-se campeã, levando também a inédita vaga no esporte no masculino, num jogo que eu pensava que o Brasil conseguiria vencer bem, pois estava muito bem na competição. Porém, o goleiro deles estava “no seu dia de sorte” e ajudou, e muito, a Argentina a conquistar o título e a vaga. No pré-olimpico, o Brasil fez 3 grandes jogos mas não conseguiu a vaga.
FPHb – Quais são suas expectativas com relação à seleção feminina que vai disputar os jogos olímpicos?
Lucas – As expectativas são as melhores possíveis, pois elas vêm de um mundial muito bom, além de contar com atletas que jogam na Europa, que tem muita experiência e estão acostumadas a jogar esses jogos equilibrados do inicio ao fim. Sem contar o técnico Morten, que também faz um grande trabalho. Uma medalha olímpica seria a melhor coisa que já aconteceu no nosso esporte.
FPHb- Você acha que o Brasil está no caminho certo em relação ao Handebol?
Lucas – Acredito que sim. Cada vez mais treinadores estão buscando atualizações através de cursos. A volta de Jordi Ribera, que na sua primeira passagem pelo Brasil fez um grande trabalho com os acampamentos de handebol, dando oportunidades a muitos atletas e os ensinando muitas coisas, também é um ponto muito positivo. Na minha opinião, ainda precisamos também de mais intercâmbio, jogar muito mais jogos e campeonatos internacionais, como a final do Pan, por exemplo. Além disso, precisamos de Campeonatos estaduais e nacionais com mais times e com um alto nível técnico, para que possamos ter bons jogos.
FPHb – Fale um pouco sobre sua rotina e sobre seu clube, o Taubaté.
Lucas – Treino todos os dias da semana. Faço academia de manhã e treino na quadra à tarde. Ano passado, conseguimos a 3ª colocação na Liga Nacional, melhor posição do time, além de estarmos cada vez mais fazendo jogos equilibrados contra grandes equipes como Pinheiros, Londrina e Metodista. Taubaté disputou este ano, pela primeira vez, o Pan de Clubes. Estamos em 2º lugar no paulista, nos preparando bastante para a fase final do torneio, para os jogos regionais e para a Liga Nacional.
FPHb – Qual seu grande sonho, seu grande objetivo profissional?
Lucas – Acho que o sonho de qualquer atleta é defender seu país, o meu não é diferente. Maior ainda, acredito que seja participar de uma Olimpíada, esse também é um sonho que não só eu, mas muitos gostariam de realizar.
“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade.” – Albert Einstein