ENTREVISTA I Hula Hula
Hoje é um dos técnicos da ADC Metodista, mas já jogou muito pelo clube. Hula recebeu a reportagem do Site da FPHb praticamente em casa, no Ginásio Baetão. A curta conversa foi suficiente para conhecer sua trajetória no handebol e paixão pelo esporte. O profissional atua como técnico na Metodista e no Colégio Eduardo Gomes e foi há pouco treinador campeão do Campeonato Brasileiro de Seleções Brasil Olímpico.
Como surgiu o apelido Hula Hula:
Hula Hula vem do tempo de escolinha. Eu morava em Santo André e meu pai foi transferido de emprego e nós tivemos que ir para Salvador. E eu comecei a jogar handebol lá. Tinha um desenho com uns bonequinhos que tinham uns ossinhos na cabeça e eram da tribo dos Hula Hula. O apelido originou daí.
E continuou como uma marca. As pessoas te conhecem pelo apelido e não como Viomário.
É, ficou marca registrada. O apelido pegou e é muito mais fácil Hula Hula do que Viomário. E a coisa foi se adaptando de uma forma que chegou um momento o Brasil todo me conhecia por Hula Hula, mas não sabia quem era Viomário. Mas foi uma coisa boa, né.
E como foi sua fase de iniciação no handebol na Bahia?
Minha irmã jogava handebol aqui na Pirelli e começou a jogar em Salvador. Eu vi e comecei a participar também. Entrei na iniciação numa escola, depois para um clube, e num determinado momento fui para a Seleção Baiana. Isso no ano de 1987/88. Comecei a me aprimorar, a jogar Campeonato Baiano até 1993, quando surgiu o convite para jogar aqui em São Bernardo, pela Metodista.
E você jogou só na Metodista como profissional?
Não, fiz meus dois primeiros anos de adulto no Clube Monte Pascoal e juntamente no Luiz Palmeira também, os dois de Salvador. Logo em seguida me trouxeram para Metodista. Aí segui de 94 até 2002.
Você chegou a atuar pela Seleção também?
Eu tive uma grande oportunidade. Fui convocado para o Mundial de 1997, mas por motivo de lesões, eu não pude participar. Tive que fazer uma cirurgia de menisco e fui cortado porque não tinha condição física de ir.
Você sente não ter podido participar desse Mundial?
Foi meu melhor momento no handebol, quando eu estava na minha melhor fase. Era um Mundial de Seleções, aquilo que o atleta almeja. Foi uma oportunidade que eu perdi. Triste por isso, mas feliz por ser vencedor na carreira dentro do clube; consegui grandes resultados dentro do clube, também.
Qual a principal diferença entre o trabalho do técnico e do atleta?
Temos uma facilidade aqui na Metodista pelo seguinte: conseguimos fazer essa transição de forma gradativa. Ao mesmo tempo em que eu jogava, já trabalhava com as categorias de base. Então quando parei de jogar estava adaptado como técnico. E o apoio que o clube deu para que essa transição fosse feita de forma mais suave foi o mais importante. A diferença é: em um determinado momento você está na quadra executando e em outro pedindo que os alunos executem. Você não entende que uma coisa tão fácil para você seja uma dificuldade para o aluno de iniciação, intermediário. Essa é a grande dificuldade.
Qual a razão de você se dedicar às categorias de base?
Dentro da formação profissional, aquilo que eu mais me identifiquei foi com as categorias de base. Por quê? Porque é o momento de lapidação. É uma vitória para nós professores pegar aquele aluno num estágio e entregar num outro; e futuramente ver aquele aluno chegar à Seleção Brasileira, ir para Mundial, jogar na Europa. É um momento de satisfação na formação do atleta. Então para mim isso é o que é mais importante.
Como é o trabalho no Colégio Eduardo Gomes e na Metodista?
O Colégio Eduardo Gomes é um trabalho novo, com direção da ex-atleta Renata Trevelin que visa à formação de novos atletas no âmbito esportivo/educacional. Já na Metodista o trabalho também visa à formação de atletas para chegarem as suas equipes principais.
Como foram suas experiências com Seleções Paulista?
Foi uma oportunidade ímpar que recebi. O apoio que tivemos foi de extrema importância para o sucesso desse trabalho. A Federação e nosso diretor de Seleção Hamilton Ramos nos deram muito apoio, os clubes Metodista, Pinheiros, Eduardo Gomes nos deram uma infraestrutura para que pudéssemos trabalhar bem. Os técnicos cederam seus atletas para que a gente pudesse montar os treinos, montar a equipe… Então assim, foi um trabalho que se juntou mediante o apoio de todos.
Como está o handebol de base no Brasil, pelo o que você pode perceber pelo Brasil Olímpico?
Nós temos alguns Estados que estão num nível mais adiantado, que tem um trabalho muito mais duradouro que o nosso. Nós temos um trabalho muito solidificado nos clubes, mas quanto à seleção ainda tá engatinhando. Eu percebi que o Estado do Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, estão num caminho pouco mais a frente por terem uma facilidade maior de juntar as seleções, uma vez que não têm tantos clubes. Como nós temos muitos clubes, a seleção não tem tanto espaço, não tem tanto momento para se formar uma seleção. Mas acho que, de agora em diante, seria muito importante que nós montássemos as Seleções independente de ter competição ou não, pra manter o grupo sempre junto.
E mesmo tendo essa deficiência, de certa forma, vocês foram campeões.
Nós conseguimos montar o grupo certo, no local certo, na hora certa. Cada peça se encaixou adequadamente para aquele momento, para aquela situação, e nós conseguimos montar um grupo vencedor.
Quando você começou, o handebol tinha mais dificuldades do que as que ainda possui hoje. O que o fez não desistir do esporte?
Não só eu, mas acho que todos os técnicos que hoje trabalham vivenciaram essa etapa anterior das dificuldades. O que nos estimula é o compromisso que nós temos com a modalidade. Cinco ou seis anos atrás, a estrutura era completamente outra. Hoje nós temos, em São Paulo a melhor estrutura do País hoje, toda estrutura necessária para que se realize um bom handebol. Acho que é isso que nos estimula, é isso que nos dá um combustível para prosseguir e tentar novamente.
Um conselho para quem começa agora, seja técnico ou atleta.
O legado que a gente fala é que leve a sério, pratique com responsabilidade, cumpra e estabeleça metas e parâmetros para você; não desista nunca. Irão acontecer alguns momentos em que vocês terão dificuldades, mas elas passarão. Sem as dificuldades não haverá crescimento. Para quem vai iniciar na modalidade: tenha muita paciência e caminhe sempre em frente. Para os atletas que já estão no caminho certo, que já estão em clubes: nós temos uma Olimpíada em 2016 que vai ser de extrema importância para o crescimento da nossa modalidade no país. E acho muito importante que essa geração cresça, para que em 2016 e 2020 tenhamos bons jogadores de handebol e que ele cresça cada vez mais em nosso país.