Entrevista com novo diretor do EC Pinheiros
O EC Pinheiros tem um novo diretor. Dr. Marcelo Marcucci Portugal Gouvêa é o Diretor Adjunto de Handebol da categoria Adulto. Marcelo é ex-atleta do clube e, como ele mesmo disse “conheço o mundo do Handebol”. Desde o Infantil, começou a se interessar por assuntos extra jogo, como a administração de negócios relacionados ao esporte. Parou de jogar em 2002, mas sempre esteve próximo ao clube. Aliado à afinidade com o Pinheiros, ele ainda carrega uma experiência em administração adquirida no futebol do São Paulo Futebol Clube, “uma grande escola e exemplo de gestão”. Com esse perfil, o novo diretor do Pinheiros acredita que tem condições de ajudar o clube e o handebol.
FPHb. Quais suas expectativas para este novo cargo?
Marcelo M. P. Gouvea. As expectativas são as melhores possíveis. Já faz um tempo que o trabalho das diretorias de handebol do Pinheiros que me antecederam vem sendo realizado de forma muito competente e exitosa. Dessa forma, se eu conseguir manter o trabalho, já ficaria muito feliz. Mas em esporte de alto rendimento, como em outras coisas da vida, não podemos nos satisfazer em ficar apenas no estágio em que estamos, temos que sempre buscar o algo a mais. Por isso, tenho como objetivo pessoal melhorar a estrutura, que já é uma das melhores do Brasil, e, por conseguinte, melhorar os resultados, já que se trata de esporte de alto rendimento.
FPHb. É preciso alguma mudança de imediato na gestão de handebol do clube? E o que você pretende executar a longo prazo?
M. G. Como já dito, o trabalho das gestões anteriores foi muito bem feito, de forma que não é necessária nenhuma mudança urgente no trabalho. Como toda troca de gestão, algumas mudanças serão inevitáveis, por consequência da mudança dos gestores. Mas isso será implementado com o tempo. Em relação ao longo prazo, tenho um objetivo que é semelhante a de outras equipes do mundo, não só de handebol, visando o crescimento sustentável. Tenho a intenção de que o elenco seja formado integralmente na base do clube. As contratações laterais (aquelas de jogadores já formados) devem ser pontuais. No time atual já temos praticamente metade dos jogadores formados na base do clube, o ideal é aumentar esse número. Nos preocupamos não só com a parte tática, física e técnica, mas toda a vida do atleta fora das quadras. E fica muito mais fácil implementar a filosofia desde a base, do que em um jogador já formado em outro clube.
FPHb. O Pinheiros terá um time competitivo Adulto no naipe feminino? Você pretende fazer algo sobre isso?
M. P. Como tudo que é feito no Pinheiros, tudo tem que ser precedido de um grande planejamento. O Pinheiros não entra em campeonato de alto rendimento apenas para competir, entra para ganhar. O crescimento dos times femininos no Pinheiros é muito grande, mas muito sustentado. Há alguns anos atrás, não havia sequer uma equipe. Hoje, já há equipes em 5 categorias, com alguns títulos paulistas e alguns títulos brasileiros. A tendência natural é uma equipe adulta nos próximos anos, até pela questão de dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela base do clube. Não queremos formar talentos e entregá-los prontos aos outros clubes. Não tenho como precisar em qual ano, mas é a tendência natural e o meu trabalho é antecipar esse sonho. Quando estivermos preparados, entraremos.
FPHb. Qual o maior desafio de ser o Diretor de Handebol, das categorias competitivas, do Pinheiros?
M. P. O maior desafio que eu vejo é conseguir demonstrar ao atleta a necessidade de ele enxergar o handebol como uma coisa muito importante, mas com prazo determinado. O atleta tem que superar limites e conquistar tudo o que disputará, mas tem que entender que é fundamental se preparar para a aposentadoria, que é muito cedo em se comparado com outras atividades. O atleta tem que saber que não vai viver a vida inteira do Handebol, ele precisa estudar e se preparar para ter o que fazer após sair das quadras. Os dirigentes têm a obrigação de preparar pessoas e não apenas atletas. No Pinheiros, damos todas as condições para os atletas estudarem, dando bolsas em algumas universidades, como também todo apoio médico, de fisioterapia e de psicologia. O trabalho dos dirigentes é tentar tirar qualquer preocupação do atleta para que ele possa se dedicar totalmente na sua atividade e que ele consiga todo o apoio necessário para construir o seu pós-carreira. Na condição de dirigente esportivo não posso dormir tranquilo sabendo que um atleta que se dedicou vários anos ao clube e à modalidade não terá “vida” após o fim da carreira, caso não esteja preparado. Por essas razões, acredito que este seja o maior desafio.
FPHb. O Pinheiros é o grande clube de handebol que temos no Brasil. O que é necessário fazer para que continue competitivo nacional e internacionalmente?
M.G. Internamente, é necessário continuar fazendo o trabalho que já vem sendo feito. Mas, na minha opinião, para que ele continue competitivo nacional e internacionalmente, o Pinheiros precisa disputar campeonatos mais fortes e, para isso, precisa que mais clubes de ponta surjam no Brasil. Por isso, é importante o trabalho da FPHb e da CBHb no desenvolvimento de competições mais fortes, com mais credibilidade e que atraiam mais investidores. A nova gestão da FPHb parece disposta a isso e já vem trabalhando nisso nesse primeiro ano, trazendo algumas novidades no campeonato. Quando me perguntam quem é o rival do time de Handebol de Pinheiros eu explico que não é a Metodista, Taubaté, ou Londrina, mas sim os outros esportes que disputam com o handebol os investimentos das empresas. Veja, não acho que não tenha espaço a ser dividido entre o Handebol e os outros esportes, mas eu acho que os times de Handebol e as Federações devem brigar em conjunto para aumentar o espaço do Handebol. Quando uma equipe de Handebol fecha as portas, ou diminui o investimento, por maior que seja a rivalidade com o Pinheiros, isso é muito ruim para o clube e para a modalidade.